Tira Extra e a Paixão pela Educação
December 3rd, 2008Esta quinta-feira (é já amanhã, se estiver a ler hoje) vamos publicar uma tira extra, inspirados pela educação, essa paixão que nos inflama a todos, ainda que de formas diferentes.
A palavra paixão, associada a educação, já vem do tempo em que o outro senhor, que agora anda a ajudar os desgraçados lá fora – tivesse sido sempre tão útil, deus o abençoe – reflecte um desejo intenso, mas frequentemente efémero e volátil.
Na política, a escolha das palavras não surge por acaso. Há, tipo, 300 mil conselheiros e o caraças, que escolhem as vírgulas e o tipo de letra em que se imprimem os discursos, mas não é por isso que não deixamos de ouvir políticos a dizer “hádem” ou “intervimos”.
O que é a paixão afinal? Se o termo for abraçado por um católico, pode haver uma intenção quase-religiosa na sua escolha, uma referência ao “sacrifício” e ao “martírio” de Jesus Cristo. Tal constitui um pensamento tão bonito que nos faz rolar as lágrimas copiosamente face e seios abaixo, até passar para lá da cintura, levando-nos a perguntar se, no meio da comoção, não fizemos xixi.
A ideia de um político que se sacrifica pelo povo é deveras bonita e se isso vier a suceder algum dia é certo que a pessoa em causa não será um ateu miserável, como boa parte da população que gostaria de ver políticos a sacrificarem-se e a sangrarem regularmente pelo povo, mas de forma literal e não enquanto figura de estilo.
Mas seja o que for que cada um pense ou quaisquer que sejam as “crenças” ou ilusões em que se esteja mergulhado, paixão é, de forma sucinta e que seja facilmente apreendida por todos, uma vontade de foder – já, por favor -, que se sobrepõe à vontade de querer fazer bem, de forma racional e ponderada, bem como de fazer planos para o futuro.