Tira nº 427 – CiEL#0221
A situação não estará muito diferente (a mentalidade não mudou, certamente), mas há uns anos, quando a Internet móvel foi uma solução prática que considerei, os operadores nacionais forneciam velocidades de acesso de 3.2 Mbps, e criaram uns tarifários muitos simpáticos para o pobre povo português que não podia, certamente, pagar o serviço regular. Assim, além da velocidade “máxima”, havia também velocidades de 1,4 Mbps de 640 Kbps e de 384 Kbps. Desconheço o processo técnico, mas duvido que se tratasse de quatro tecnologias, quatro antenas, etc. O funil faz muito mais sentido.
Entretanto, dando uma olhada em países como a Austrália, Nova Zelândia, Reino Unido, Espanha, Irlanda ou Roménia, constatava-se o mais natural: que esta coisa de juntar água ao vinho e fingir que é vinho mais barato é uma prática muito local. “Lá fora”, os contratos de permanência correspondiam a ofertas reais como o modem ou um tarifário mais reduzido. Cá, além da própria Internet, vendiam-se os modems a preços disparatados ou fazia-se o especial favor de permitir que fosse pago a prestações a troco de “fidelização”. Na Austrália, por exemplo, a Vodafone informava que a banda larga móvel a 3.6 Mbps permitiria “picos” próximos dessa velocidade, mas que a velocidade média andaria entre os 800Kbps e os 1,4Mbps. Cá, fazia (e faz) sentido associar uma velocidade que não se pode garantir a tarifários distintos. Lá, pagava-se só o tráfego, em redes que só tinham uma velocidade. O mesmo vinho, sem água, quem mais bebesse mais pagava.
Se houvesse uma autoridade que regulasse as comunicações, imagino que impediria estas práticas, uma vez que atrasam a implementação e evolução das tecnologias, fornecendo acessos limitados (bloqueados), e a pretender que a velocidade máxima (livre) é coisa para os mais ricos.
Esta tira, basicamente, não é uma piada, mas um singelo “vão para o caralhinho”.
Nada contra operadores de telecomunicações em particular. Um dia destes faço uma tira com senhores das gasolineiras a irem às putas todos juntos ou algo do género.
A ideia específica dos funis não é minha, mas o autor não quis o seu bom nome associado a este site.
Mais padres e miúdos em breve. Estejam atentas.