Correio dos Leitores
June 23rd, 2009Vamos publicar uma missiva desesperada de um dos nossos leitores que pretende ficar anónimo (como se João Silva não fosse um nome banal), a qual consideramos importante por focar um tema que raramente é discutido ao nível que merece, nas assembleias municipais ou mesmo na nacional. Referimo-nos ao mau estados dos sanitários de estações de comboios ou autocarros, mas o texto aborda outros pontos de grande interesse público.
Começa assim:
Ontem fiz uma cagada que nem vos conto!
OK, eu conto. Foi horrível. Saí tarde de Lisboa e isto estava assim um bocado a revoltar-se, mas eu pensei, ah, não há-de ser nada, aguenta-se um pouco. Mas depois fui para Sta Apolónia e – ó, timing! – àquela hora tinha de esperar 40 minutos pelo próximo comboio – vida de suburbano sucka.
Comecei a sentir uma pressão intestinal terrível. Tentei conformar-me em usar uma casa de banho nojenta da estação. Havia uma alternativa na Porta 58 que já tinha visto referenciada algures numa parede, por isso fui aí directamente, em vez de ir ao WC standard que é mais ou menos asqueroso – e ocasionalmente com paneleiragem à coca das pichas dos outros e de engates -, onde costumo mijar.
Mas quando cheguei ao Cagatório 58 fiquei surpreendido com o fedor. Puka. Depois só tinha uma retrete e sem papel. Quer dizer, um gajo à rasca por vezes tolera algumas coisas, como fedor e isso, mas limpar o cu ao DN ainda não era obrigatório.
Voltei ao WC habitual, o qual pensei ser o mal menor, mas estava em obras. “Utilize o WC da Porta 58”. Filhas da puta do caralho. A culpa é do governo PS.
Fui até ao exterior e ponderei cagar num café (no estabelecimento, não numa chávena), tendo de fazer o número patético do costume em que um gajo pede qualquer coisa, porque “as casas de banho são para uso dos clientes”. Não há-de ser só em Portugal, mas não deixa de ser uma prática estúpida. Parece que um gajo se quer “aproveitar” das casas de banho dos cafés. Obter uma vantagem ilícita. Mas ninguém quer levar a loiça, só cagar. E cagar, além de natural, devia ser uma coisa mais casual e não algo que é preciso ser merecido.
No entanto, a pressão aliviou e pensei, ah, isto aguenta-se até casa. Voltei à gare e fiz meditação para suportar um pouco mais. Mas não me consegui concentrar e pensei, estou fodido, isto não vai lá com pensamento positivo – é preciso expelir violentamente.
Em vez de voltar ao exterior e procurar um café com bom aspecto (por vezes os que têm os WCs mais nojentos), pensei que em vez de ir no suburbano iria no inter-regional, que saia 12 minutos depois mas
chegaria à terreola logo atrás do outro. O inter-regional tem cagatórios novos e cheios de automatismos – botões com luzes verdes e vermelhas e o caralho. No suburbano não se caga. Ponto. É um bocado como há uns tempos em que se podia fumar “em viagens superiores a uma hora”.
Desse modo sentei-me no inter-regional e pensei aguardar, pois normalmente a merda era despejada na linha. Antes diziam “Não utilizar durante a paragem nas estações”. Enquanto esperava foram lá dois gajos mijar (suponho). Quando faltava menos de 10 minutos para o comboio sair pensei que não devia continuar a sofrer e entrei no WC. Não tinha referência a qualquer proibição de cagar na estação.
Estava com um ar limpinho, mas, como é natural, não me ia sentar naquilo. E também não estava para fazer a habitual “cama” de papel higiénico, por isso dei uma de “stander”, fazendo um “hovering” sobre o
buraco, enquanto, literalmente, explodia em dejectos. Foda-se, foi mesmo nojento. Mas que alívio… Enfim, já todos deverão ter passado por uma situação parecida, sobretudo os que trabalham ou estudam longe de casa, e conhecerão bem tal sensação.
Quando olhei para trás é que vi o resultado disto de ser um “stander”. Que asco, que asco! Borrei o tampo todo, de salpicos de tamanho médio e pequeno. Senti-me mesmo mal, por isso fiz uma bola de papel e dei uma limpeza naquilo. Ficou aceitável, ainda que com um ar de pintura a pastel. Quer dizer, quem entrasse já não iria vomitar. De qualquer forma, há funcionárias cuja especialização é limpar merda.
O comboio arrancou pouco depois e fiquei sem saber se aquilo é despejado para a linha. Mas da próxima vez tenho de confirmar. Se alguém passar pela linha 6 de Santa Apolónia e vir um monte pastoso de merda no local onde estaria a primeira carruagem do comboio já sabe de onde veio.
Conclusão: que país asqueroso onde aquela que é talvez a mais importante estação ferroviária não tem casas de banho com condições mínimas.
* Chicken Biriani Extra Hot contribuiu para este artigo.
Contactámos a CP e pedimos um comentário ao assunto levantado pelo nosso leitor. As Relações Públicas enviaram a seguinte resposta por email:
A CP sempre se preocupou com a higiene e segurança dos seus clientes. Em relação à higiene, informamos que findas as obras nas instalações sanitárias da estação de Santa Apolónia, os nossos clientes podem agora usufruir de retretes/bidé estilo japonês, com assentos aquecidos e braço irrigador, com detecção de ânus ou vagina, para uma higiene completa e perfeita.
Não foi possível confirmar de forma independente as informações das RPs da CP.
June 26th, 2009 10:11
Sempre disse que a humanidade divide-se em duas facções -que não precisam de ser rivais- os forradores e os bombardeiros de alto vôo 8(amalta do «hovering»). Eu incluo-me na segunda facção.
June 26th, 2009 22:25
eu cá acho que um “filhas da puta do caralho”
ganha fácil a quaisquer “timing”; “standart”; “puka”;
“suka”; “stander” ou mesmo “hovering”, ainda que
entre aspas. ha.