Nunca defenderei que, para se apreciar o trabalho de alguém, o trabalho que deu tenha que ser tido em larga consideração. Mais do que isso, quem responder a uma crítica com um “fazias melhor?” ou “sabes lá o trabalho que aquilo deu!” é muito possível que seja um bocadinho idiota.

Por outro lado – porque há sempre outro lado, o que é porreiro, e sempre se varia -, não deixo de pensar ser importante que ao Público – as hordas sedentas de sangue e de cultura – seja permitido ter uma ideia, ainda que vaga ou completamente aldrabada, dos processos criativos. Tal contribui para uma apreciação mais informada da Obra do Autor, porquanto se torna o olhar mais penetrante, e se o canaliza em direcção do que é essencial, criando a modos que um desfoque nas bordas, como com aqueles filtros da Cokin.

Assim sendo, em jeito de making-of, aqui se deixa uma ilustração do processo de criação desta tira e de algumas vicissitudes que o afectaram, para que o Leitor entenda as dificuldades que, frequentemente, subjazem a tal execução.

Pretende-se, também, não deixar permanecer na mente do Leitor ideias feitas e, por vezes, movidas por instintos negativos. Por exemplo, que para conceber e executar uma tira como esta, basta viajar, em pesquisa, durante dois meses por três países da Europa Central, gargarejar 50 litros de xixi, tirar 20 GB de fotos, gatafunhar três blocos de papel Canson com esboços preliminares, e depois desenhar esta merda em dez minutos! Nada disso, isto deu trabalho, OK?!

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