Pornografia II
October 10th, 2008Esta cena da pornografia dá um trabalhão do caraças. Nunca pensei. Tem que se pensar em montes de pormenores estéticos. Fazer humor negro com a actualidade ou com o Sócrates é fácil; basta espreitar um jornal ou ligar a TV. Mas, enfim, não vale a pena choramingar. Vamos em frente.
Apresento-vos agora mais alguns estudos para a tira regular “A vida debochada de Fannie Mae e Freddy Mac”. É assim uma espécie de making of – o que é sempre cool.
Na pornografia as mamas têm um substancial relevo, pois são das primeiras coisas que se revelam (segundos antes de arrancar o habitual esquema fellatio – cunnilingus – ele por cima – por trás – ela por cima – queres que te ejacule na cara, cabra? – sim, sim!).
Assim sendo, urgia efectuar um estudo sério sobre a prateleira da personagem principal da tira; a debochada e controladora Fannie Mae.
A primeira imagem, a original, apresenta a personagem com umas mamas que alguns considerarão “pequenas”. Há que ter pena dos infelizes que não apreciam um bom par de mamas maneirinho. Pequeno, seja. E o contorno e o modo como os mamilos se destacam; enfim, a personalidade? Nada?
Mas as estatísticas não enganam: 70% dos homens preferem ser sodomizados do que ter sexo com uma mulher com mamas pequenas. Essa opção seria, assim, um factor de distracção. A maior parte dos leitores não chegaria ao substrato da história: “Eh, foi isso que arranjaram?!”, “Sai ao pai!!”, entre outros disparates.
As mamas “pequenas” trariam outra questão relacionada com a caracterização da personagem, pois obrigariam a classificá-la como um tipo intelectual. Mamas pequenas igual a executiva, cientista, bibiliotecária, etc. É um facto da natureza incontornável que não é genético mas prático. A mulher com grandes balões afirma-se assim: “Estudar o quê?! Olhem para as minhas mamas. OK?”
Assim, Fannie Mae podia, eventualmente, ser a modos que intelectual. Tal não impediria que fosse também uma debochada, mas era provável que fosse difícil de criar empatia com a maior parte dos leitores. “Intelectual, heeh, isso faz-me pensar em metáforas e coisas assim! Ainda por cima sai ao pai!!”
Acresce que alguns analistas iam perder tempo a criticar a pornografia por ser “politicamente correcta”. E não queremos isso. Não, nope.
Na pornografia um bom – i.e. maior do que a própria vida – par de mamas é sempre um valor acrescentado. Mas às vezes pode também distrair, quando se quer passar alguma mensagem ou se, por alguma razão, se pretender contar uma “história”. Sei lá.
Um par de mamas assim poderia ser uma boa opção. Mas tem um grave problema: pode levar algumas pessoas a pensar “Jennifer Connelly! Jennifer Connelly!” E isso pode ser não só negativo, como extremamente frustrante; se depois de todo o trabalho de desenhar e de conceber um bom texto e formatar a tira, os leitores só disserem “Jennifer Connelly! Jennifer Connelly!”
O bom senso ditaria, pois, que a melhor opção seria por um par de mamas relativamente “volumoso” e com um ar “saudável”.
Mas não seria tal contribuir para perpetuarmos clichés de beleza lamentavelmente standartizados, que têm levado tantas jovens raparigas com pares de mamas perfeitamente funcionais, roliços e com dois mamilos sorridentes e convidativos, a encherem-nos de plástico, para deleite de camionistas e mecânicos desse mundo fora, que enfeitam os seus locais de trabalho com calendários com modelos nuas que já se desgraçaram com silicone, e só vêem pornografia do estilo “Super Mamonas ao Ataque”?
Quer dizer, por ser pornografia não pode ser sensível e com uma mensagem socialmente positiva? Eu acho que sim.